sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Economia da utilização da água na agricultura – Agricultura de Regadio


O aumento do consumo de água tem conduzido a um aumento da competição pelo recurso e à necessidade de promover o seu uso sustentável.
Em países em que o regadio é um factor essencial para a obtenção de maior produtividades no sector agro-pecuário, verifica-se que a eficiência do uso da água na agricultura é muito variável, em função do grau de desenvolvimento dos países, tanto a nível de conhecimento, como a nível de infra-estruturas existentes.

Verifica-se, no entanto, que em alguns países, existe já uma preocupação que leva à tomada de medidas políticas cujo objectivo da economia da água no seu uso agrícola. Medidas essas que visam a modernização dos sistemas de regadios existentes, de modo a aumentar a eficiência de utilização do recurso água.

Temos o exemplo de Marrocos, um país com um elevado potencial agrícola, e com uma área de regadio muito significativa, no entanto, grande parte da superfície de regadio existente, está preparada para sistemas de rega gravíticos. Actualmente, em Marrocos estão a ser tomadas medidas para reabilitar uma parte significativa dos perímetros de rega existentes, fazendo também a sua reconversão para que ao nível da parcela sejam adoptados sistemas rega localizada, o que conduzirá a um aumento significativo da eficiência de aplicação da água em agricultura.
As intervenções a considerar para a modernização das técnicas de irrigação, tendo como grande objectivo a economia da água, e ao mesmo tempo, o aumento das produtividades agrícolas, podem ser agrupadas em 5 componentes principais:
  • Modernização dos perímetros de rega colectivos;
  • Modernização ao nível da parcela / exploração agrícola / empresa agrícola – equipamento e técnicas de irrigação na parcela;
  • Valorização agrícola;
  • Reforço do apoio técnico aos agricultores / empresários agrícolas;
  • Medidas de acompanhamento dos agricultores.
Uma melhor valorização do recurso água, compreende um melhore redireccionamento do seu uso, através de um controlo reforçado da sua aplicação, associado à implementação de incentivos para a difusão de técnicas que promovam a seu uso eficiente, e que conduzam a um aumento da produtividade das culturas, com impacto positivo ao nível do rendimento dos agricultores.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Determinação da capacidade de transporte e de armazenamento em Sistemas de adução


Em situações à partida complexas, em que se pretende resolver um problema de determinação da capacidade de transporte de água de sistemas primários de adução, pretendendo-se determinar a forma mais económica de transportar um determinado volume de água de uma origem comum para diferentes destinatários, da forma mais económica possível, dimensionando de forma racional a capacidade de transporte exigida e os reservatórios necessários para armazenamento temporário.

Estes problemas de otimização de sistemas primários de adução poderão ser solucionados facilmente, através da utilização de um modelo de cálculo que permita simular todas as entradas e saídas de água do sistema, incorporando uma função de custo das infra-estruturas em causa.

O modelo pode basear-se essencialmente num programa de programação linear, no qual são incorporadas restrições que permitem simular com realismo o funcionamento hidráulico do sistema. A função objetivo simulará o custo do sistema, o qual se pretende minimizar.

A componente hidráulica do estudo deverá impor as restrições ao sistema, no que se refere à capacidade máxima de transporte e de armazenamento, e será utilizada na definição das funções de custo (mediante a determinação das dimensões que permitirá a fixação de custos das diferentes infra-estruturas em função da sua capacidade).


Sistemas Primários de Regadios Coletivos


O dimensionamento de sistemas de transporte de água em regadios coletivos, são normalmente efectuados para o mês de maior consumo, tendo em consideração a capacidade de regularização dos reservatórios / albufeiras.

A existência de albufeiras ou reservatórios entre o sistema e alguns dos blocos de rega deverá permitir antecipar a transferência de água em meses com menor pedido, para utilização nos meses de maior consumo, reduzindo deste modo o caudal máximo a transferir.

Para que uma albufeira seja utilizada com o máximo de eficiência, a sua capacidade de armazenamento deverá ser totalmente utilizada durante os meses de maior consumo.

Poderá utilizar-se um um modelo de cálculo que permita simular a exploração das albufeiras, tendo em conta a minimização da capacidade de adução. Deverá ser um modelo que permita efetuar o de cálculo do balanço das albufeiras durante o período de rega. Este modelo matemático deverá permitir optimizar sistemas de abastecimento e rega, através da simulação, em termos de balanço global de massas, de sistemas ramificados complexos, incluindo um qualquer número de estruturas de transporte e de armazenamento, sujeitos a pedidos distribuídos de qualquer forma em termos espaciais e com qualquer lei de variação ao longo do tempo.

O figura seguinte apresenta as principais variáveis que deverão ser integradas no modelo de cálculo.



O modelo deverá considerar cada sistema formado por uma série de estruturas de armazenamento (albufeiras, reservatórios) interligados por estruturas de transporte (canais, condutas). Cada estrutura de transporte termina sempre num estrutura de armazenamento (que pode ter capacidade de armazenamento qualquer, mesmo nula). Por sua vez, de cada estrutura de armazenamento pode partir um qualquer número de estruturas de transporte. Deste modo, o número de estruturas de transporte é sempre igual ao número de estruturas de armazenamento.

O caudal de adução mínimo será o que, considerando a albufeira cheia no início do período de rega, utilize totalmente a capacidade de armazenamento disponível, apresentando a albufeira vazia no final do período de rega mais intensa.


Principais variáveis a considerar


O sistema primário de adução deve ser analisado globalmente para n intervalos de tempo. O número de intervalos de tempo pode ser qualquer; e os intervalos de tempo não terão necessariamente igual duração, podendo-se adotar facilmente intervalos de tempo de duração variável.
Durante cada intervalo de tempo devem ser introduzidos e retirados de cada reservatório os volumes de água correspondentes às entradas e saídas de água, designadamente:

·         Entradas de água

o   Afluências naturais ao reservatório (dado conhecido)

o   Água transferida do reservatório localizado a montante (incógnita)

·         Saídas de água

o   Volumes fornecidos para rega e abastecimento (dado conhecido

o   Volumes transferidos para o(s) reservatório(s) a jusante (incógnita)

o   Perdas por evaporação (dado conhecido)

 Os volumes de água correspondentes às afluências e à água fornecida para rega e abastecimento a partir de cada reservatório devem ser dados já determinados para entrada no modelo de cálculo. As transferências de água entre albufeiras serão as principais incógnitas do problema.

Em relação às perdas de água nas albufeiras, elas dependem da evaporação, da curva volume-área de cada reservatório e do volume armazenado em cada reservatório. A determinação das perdas de água representam, formalmente, um problema mais complexo, na medida em que, em princípio, dependem do estado de cada albufeira. As perdas por evaporação, por exemplo, serão função da altura de evaporação no período e da superfície média da albufeira, a qual será função do volume armazenado. Por outro lado, o volume descarregado dependerá da capacidade de armazenamento da albufeira e do volume armazenado, sendo nulo se o volume armazenado for inferior à capacidade e igual à diferença entre o volume armazenado e a capacidade da albufeira em caso contrário.

O modelo matemático deve considerar que todas as entradas e saídas de água são efectuadas ao nível dos reservatórios, ou seja, que os caudais transportados por cada troço de transporte são constantes. Isto não constituirá de facto uma restrição efetiva, uma vez que um troço de canal ou conduta em que ocorram derivações directas de água para rega pode sempre ser subdividido num número conveniente de subtroços, com reservatórios fictícios no seu interior, de onde serão efectuadas as saídas de água, normalmente para blocos de rega ou abastecimento industrial.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Erosão Hídrica dos Solos

A degradação ambiental, a erosão e assoreamento e a desertificação, problemas relacionados com o planeamento numa perspectiva de gestão integradora do espaço, têm sido alvo de preocupação crescente. No âmbito da gestão ambiental, a erosão hídrica do solo, é, sem dúvida, uma questão relevante uma vez que provoca a degradação e perda de um recurso natural fundamental para o suporte de vida.

O que é?

A erosão hídrica dos solos, conjunto de mecanismos interligados e bastante complexos, inclui os processos de destacamento das partículas do corpo solo e subsequente transporte (transporte sólido) e deposição (assoreamento) dos sedimentos, constitui assim um dos mais importantes factores de degradação ambiental.


A erosão não é a causa, mas sim o efeito de uma série de agressões e de erros nas actividades agrícolas. É uma das muitas consequências de degradação do solo.

Principais implicações

Por um lado resulta na destruição e perda de um recurso fundamental, de suporte e produção de biomassa; por outro lado os sedimentos resultantes da erosão irão depositar-se a jusante, tornando estéreis terrenos agrícolas ou assoreando e colmatando cursos de água e zonas inundadas.

A diminuição da capacidade de armazenamento dos terrenos, devido à perda dos solos, conduz a desequilíbrios hidrológicos que tornam as secas e as cheias mais frequentes e com a persistência conduzem à degradação ambiental que, em ambientes mais susceptíveis, pode levar à desertificação.


As perdas de solo por erosão hídrica dependem de vários factores, sendo os principais a chuva, o escoamento superficial, o declive do terreno, o tipo de solo, a cobertura do solo (tipo de sistema cultural e a tecnologia de rega).

Zonas de maior potencial erosivo

As zonas sujeitas a riscos mais elevados situam-se, de forma geral, em zonas de vales encaixados e em sistemas geológicos de relevo mais acentuado, correspondente a fortes enrugamentos orogénicos.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Aproveitamento Hidroenergético em Sistemas de Distribuição de água

Fontes de Energia Renováveis
As fontes de energia renováveis (FER) são uma forma de gerar electricidade de um modo sustentável, sendo as mais utilizadas: a produção de energia hídrica a partir do escoamento de água, energia eólica a partir do vento, a biomassa, solar fotovoltaica a partir do sol, as ondas do mar e a geotérmica a partir do calor da terra.
As fontes de energia renováveis são virtualmente inesgotáveis, mas com limitações no que respeita à quantidade de energia que é possível extrair em cada momento.
A viabilidade para utilização de FER é baseada na adopção de novas tecnologias, e respeitando o devido enquadramento ambiental.
No caso da produção hidroeléctrica, as mini e micro centrais possuem um papel fundamental na produção e fornecimento de energia de um modo descentralizado, aliando a forma segura de produção aos menores custos envolvidos. A sua utilização representa ainda um importante benefício ambiental, com a diminuição das emissões de dióxido de carbono.
As pequenas centrais hidroeléctricas, são, sem dúvida, uma das soluções mais vantajosa e equilibrada para o fornecimento de energia eléctrica a comunidades rurais mais isoladas.

Principais vantagens e desvantagens da utilização de FER
As principais vantagens da utilização de fontes de energia Renováveis são:
  • Podem ser consideradas inesgotáveis à escala humana;
  • Permitem reduzir significativamente as emissões de CO2;
  • Permitem a redução da dependência energética dos países e das emissões de CO2, nomeadamente através da promoção dos biocombustíveis;
  • A contribuição para a redução da dependência do petróleo e, consequentemente, para a redução da factura energética dos países; e
  • Promovem a investigação em novas tecnologias que permitam a criação de segmentos de negócio inovadores.

As principais desvantagens da utilização de FER são:
  • Algumas têm custos elevados na sua implementação, devido ao fraco investimento neste tipo de energia.
  • Podem causar impactos visuais negativos no meio ambiente.
  • Pode gerar-se algum ruído, no caso da exploração de alguns recursos energéticos renováveis.

Potencialidades energéticas dos sistemas de distribuição de água
Os sistemas de distribuição de água, quer para abastecimento público, quer para abastecimento de sistemas de rega colectivos, em alguns casos podem possuir o potencial energético razoável, que não é explorado. Normalmente, esse excesso de energia é controlado através da instalação de válvulas redutores de pressão, provocando a dissipação de energia que poderia ser utilizada com vários benefícios económicos e sociais.

Aplicabilidade
A utilização de bombas a funcionarem como turbinas deve ser considerada como uma alternativa valiosa para a produção de energia eléctrica, dentro do contexto das energias renováveis, de baixo custo e amigas do ambiente, de modo a permitir descentralizar o sector energético, assim como contribuir para um desenvolvimento sustentável global.
Em situações em que o caudal característico médio é pequeno (< 2m3/s), e que a queda disponível também poderá ser pequena, a utilização de bombas num modo funcionamento idêntico ao de uma turbina, será uma solução muito mais económica, e de mais fácil aplicação, tendo em consideração que no mercado será muito mais fácil encontrar uma bomba para condições de funcionamento com caudais e carga disponível reduzidos.
A utilização de uma bomba a funcionar como turbina quando comparada com a utilização de uma turbina apresenta as seguintes vantagens:
·       os custos de investimento podem reduzir-se até 50 % quando comparados com a utilização de turbinas, em particular para pequenas unidades, abaixo dos 50 kW;
·       instalação caracterizada por uma construção ser mais simples e robusta, induzindo, deste modo, a menores custos e maior fiabilidade;
·       existência de uma grande gama de modelos de bombas disponíveis no mercado mundial, com curtos tempos de entrega e com baixo custo;
·       os componentes das bombas encontram-se facilmente à disposição do consumidor, uma vez que os fabricantes oferecem serviços após venda em quase todo o mundo;
·       a manutenção não necessita de equipamento e de peritos especiais.

Viabilidade
Em cenários de valores de caudal e/ou carga disponível reduzidos, a utilização de bombas a funcionarem como turbinas para a produção de energia, é economicamente viável, apresentando variadas vantagens, sendo de considerar como as mais importantes o facto de ser uma solução de baixo custo e uma fonte de energia limpa, sem impactes ambientais negativos significativos.
Este tipo de solução apresenta vantagens económicas significativas em termos de custos de investimento, comparativamente à utilização de microturbinas.
A aplicação deste tipo de solução a sistemas de distribuição de água para rega, pode apresentar resultados bastante interessantes, do ponto de vista económico, social e ambiental, permitindo o aproveitamento da energia em excesso, que normalmente teria que ser dissipada com recurso a órgãos específicos, como é o caso das válvulas reguladoras de pressão. Este aproveitamento energético pode permitir uma melhoria da eficiência na utilização da água nos perímetros de rega, nomeadamente na alimentação de energia a diversos equipamentos de uso agrícola.


sexta-feira, 18 de março de 2011

CONSUMO DE “ÁGUA VIRTUAL”

O consumo médio de água em muitas nações é de aproximadamente 90 litros por a pessoa por dia. Mas nesta quantidade de água não está incluído a água que nós usamos o diariamente em nossas casas, nem a água que está incorporada em tudo aquilo que nós consumimos.
Diariamente consumimos volumes de água inimagináveis, sem que grande  parte desse volumes é utilizado na produção de alimentos. Estima-se que o consumo global de água na produção agrícola seja superior a 6400 biliões de metros cúbicos por ano, o que corresponde a mais de 200 milhões de litros por segundo, para produzir os alimentos que consumimos.
O que é “Água Virtual” ?
Corresponde à quantidade de água necessária para produzir um determinado produto ou serviço. É uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos na obtenção de um produto. Por exemplo, para produzir uma chávena de café, em média são necessários 140 litros de água; para produzir um par de calças de ganga, são necessários cerca de 11 000 litros; e cerca de 400 000 para construir uma automóvel.
Qual a quantidade de “Água Virtual” nos alimentos ?
No quadro seguinte apresentam-se alguns valores médios de referência dos consumos de água na obtenção de vários alimentos. São valores indicativos, que podem ter alguma variação, dependendo da vários factores. No entanto, estes valores permitem relevar a ordem de grandeza do consumo de água inerente.
São vários os factores que podem influenciar a variação do conteúdo em “água virtual” nos produtos agrícolas, dos quais destacamos os seguintes: Climáticos ( condições de crescimento); produtividade, necessidades culturais, métodos e tecnologias e eficiência de utilização da água na rega.

Qual a quantidade de “Água Virtual” consumida diariamente por uma pessoa ?
Se considerarmos uma dieta à base de carne, uma pessoa pode consumir cerca de 4000 litros de “água virtual” por dia. Se optarmos por uma dieta vegetariana, o consumo de “água virtual” reduz-se para cerca de 1500 litros por dia. Um pequeno almoço constituído por um copo de leite, um pão com queijo, uma maçã e um café, pode atingir cerca de 800 litros de “água virtual”.
No nosso dia-a-dia, dificilmente temos consciência do elevado consumo de um recurso vital, ao qual se junta o consumo de água directo, água que se bebe, que se consome nas várias actividades diárias de higiene e na preparação/confecção das refeições , assim como na lavagem do automóvel.
Nos países denominados como desenvolvidos, cada pessoa consome por dia entre dois e cinco mil litros de "água virtual", o que supera largamente a quantidade usada para o consumo directo (100 a 200 litros /pessoa /dia).

quarta-feira, 2 de março de 2011

Eficiência na utilização da água nos sistemas de rega colectivos

Existem várias formas de se definir eficiência no uso da água na agricultura, dependendo de quem utiliza a água. Para o Agricultor, eficiência de utilização da água deverá ser avaliada pela quantidade de água que utiliza para obter uma unidade de um determinado produto agrícola. No entanto, para um gestor de um determinado sistema colectivo de rega, eficiência consiste em conseguir fornecer água ao agricultor em determinadas condições mínimas pré-definidas (caudal e pressão), sem perdas nos sistemas de transporte e distribuição de água. Neste segundo caso, deve ser considerada também a eficiência energética do sistema (energia necessária para transportar e distribuir a água até ao agricultor), a qual deverá ter em consideração a definição das tarifas da água.
Nos regadios devem ser consideradas diversas medidas, para que o uso da água nos regadios seja mais eficiente. As mediadas mais importantes são as seguintes:
 
  • Introdução de novas tecnologias de rega, que sejam mais eficiente, ao nível do controlo e monitorização da rega na parcela e dos sistemas de transporte e distribuição;
  • Existência de serviços de apoio aos agricultores regantes;
  • Formação dos regantes tendo como objectivo o uso sustentável da água, introduzindo novas tecnologias;
  • Reorientação das produções para culturas que melhor eficiência e eficácia produzam na relação custo/benefício de criação de mais-valia económica e ambiental;
  •  Adopção de tarifas de água binomiais, definidas em função do volume consumido e da superfície regada, estabelecendo classe que penalizem o consumo excessivo;
  • Melhoria das redes de transporte e distribuição de água;
  • Melhoria dos sistemas de regularização de água para regadio (albufeiras, reservatórios, canais);
  • Melhoria dos sistemas de gestão administrativa nas entidades responsáveis pela gestão de regadios colectivos;
  • Modernização dos sistemas de exploração de albufeiras, introduzindo a avaliação em tempo real das necessidades de água pelas culturas.




Estas medidas são muito ambiciosas, mas são necessárias para melhorar a eficiência do uso da água nos sistemas agrícolas de regadio.

No contexto do uso eficiente da água em sistemas de regadio, um dos problemas mais graves, é a gestão da água ao nível da exploração agrícola. A deficiente gestão do recurso água na exploração agrícola, deve-se essencialmente a :
  • instalações de sistemas de rega desajustadas em relação às necessidades reais;
  • falta de planeamento na calendarização das regas a efectuar;
  • falta de manutenção dos sistemas de rega;
  • falta de formação adequada/ específica por parte dos regantes;
  • aconselhamento desadequado por parte dos vendedores / representantes dos equipamentos de rega;
  • ausência de recurso a equipamentos de monitorização da água no solo.
Uma das medidas a considerar na melhoria do uso eficiente da água em sistemas de regadio, é o melhoramento das condições de exploração dos sistemas de rega instalados, de modo a reduzir os consumos de água e energia, assim como, reduzir os riscos de erosão hídrica provocada pelas regas desadequadas.


Para tal, é necessário:
  • identificar as deficiências de concepção e de operação do sistema de rega, identificando também as respectivas soluções para a sua correcção e melhoria;
  • avaliar a eficiência do sistema, quanto à aplicação e uniformidade da distribuição da água;
  • reunir informação, com o objectivo de prevenção na concepção de novos sistemas em condições físicas semelhantes;
  • promover acções de formação junto dos utilizadores de sistemas de rega, de modo a fomentar um maior conhecimento da concepção e gestão de sistemas de rega.
A avaliação dos sistemas de rega instalados, tem por objectivo, o conhecimento das condições actuais de gestão da água de rega, através da determinação da eficiência actual de aplicação da água, e assim, poder identificar soluções que possam conduzir a um aumento dessa eficiência.

sábado, 27 de novembro de 2010

Escassez da Água - Problema para a Humanidade

Como primeiro post deste Blog, escolhi escrever sobre escassez de água, porque considero ser uma preocupação cuja dimensão aumenta de dia para dia, sendo necessário que todos contribuam para a sua atenuação/ resolução.


Água no Planeta Terra

  
A água é um recurso natural insubstituível e imprescindível que está em constante renovação. É um recurso necessário à vida de todos os seres vivos vegetais e animais e sem ela a vida acabaria no nosso planeta.


Cerca de 97,5% de toda água existente no planeta Terra é água salgada e apenas 2,5% é água doce. Menos de 1% da água existente no planeta encontra-se economicamente disponível para utilização.

A água dos continentes concentra-se praticamente nas calotas polares, glaciais e no subsolo, distribuindo-se a parcela restante, muito pequena, por lagos e pântanos, rios, zona superficial do solo e biosfera. A quase totalidade da água doce dos continentes apresenta, para além de dificuldades de utilização, o inconveniente de só ser anualmente renovável numa fracção muito pequena, tendo-se acumulado ao longo de milhares de anos.

A distribuição de água doce pelas várias regiões do planeta é muito desigual. Enquanto que, alguns países dispõem de mais água do que aquela que seus habitantes necessitam, outros estão situados em regiões extremamente secas, como o norte da África, o Médio Oriente e o norte da China.

Como exemplo podemos verificar que no Canadá, um habitante têm disponível para consumo, cerca de 600 litros de água por dia e, em certas zonas de África, a água para consumo disponível para um habitante, seja inferior a 30 litros por dia.

De acordo com dados da ONU, as diferenças registadas entre os países desenvolvidos e os países em via de desenvolvimento evidenciam que a crise mundial dos recursos hídricos está directamente ligada às desigualdades sociais. Em regiões onde a situação de falta de água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países do Continente Africano, a média de consumo de água é de 10 a 15 l/dia/habitante. Já em Nova Iorque, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, podendo atingir cerca de 2 000 l/dia/habitante. Em Portugal o consumo de água por habitante situa-se nos 161 l/dia (Fonte INAG, Inventário Nacional dos Sistemas de Água e de Águas Residuais - INSAAR).

Causas da escassez de água

A escassez de água é resultado do consumo cada vez maior, do mau uso dos recursos naturais, da destruição das florestas, da poluição, do desperdício, da falta de políticas públicas incentivando o uso sustentável, a participação da sociedade e a educação ambiental.

A expansão urbanística, a industrialização, a agricultura e a pecuária intensivas e ainda a produção de energia eléctrica (associadas à elevação do nível de vida e ao crescimento populacional) passaram a exigir crescentes quantidades de água.

A satisfação das necessidades de água coloca, nos dias de hoje, sérios problemas às populações. Para além das grandes quantidades exigidas, algumas das utilizações prejudicam fortemente a qualidade da água, que, se restituída aos meios naturais sem tratamento prévio, para além de não poder ser utilizada, é nociva ao próprio ambiente.


A poluição, a má gestão da água e as alterações climáticas, que estão de facto, a provocar o aquecimento do planeta, são alguns dos motivos que contribuem para a menor disponibilidade dos recursos hídricos.
A poluição da água resulta em grande parte do derrame nos rios e lagos de resíduos provenientes da agricultura, indústria e grandes centros urbanos. O Homem tem sido responsável pela contaminação de grande parte da água doce existente no planeta, incluindo a água subterrânea, devido à contaminação com grandes quantidades de fertilizantes químicos.

De acordo com dados da ONU, cerca de 1200 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e 2400 milhões carecem de serviços de saneamento adequado. Até ao ano de 2025, estima-se que dois terços da população do planeta, cerca de 5500 milhões de pessoas, vivam em países com graves problemas de escassez de água. A mesma organização refere ainda que, no ano 2050, o nosso planeta terá uma população de 8,9 biliões de pessoas, das quais 4 biliões viverão em países com escassez crónica de água.

Muitos utilizadores ainda uilizam a água como um bem ilimitado e não estão consciencializados do desperdício. O público precisa compreender que os esforços de preservação feitos hoje terão um impacto significativo nas gerações futuras. Maior responsabilidade social é crucial para modificar o comportamento a longo prazo. Com motivações apropriadas, as pessoas ficarão mais inclinadas a agir.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

BOAS-VINDAS

Sejam bem-vindos a este novo espaço de debate, aberto a profissionais que tenham contacto com as áreas da Engenharia Rural e da Engenharia Natural, professores, investigadores, estudantes e curiosos.

Pretende-se neste espaço apresentar pequenos artigos, descrições e debates sobre temas, relacionados com a Engenharia Rural, a Engenharia Natural e a Engenharia Fluvial.

Indicam-se alguns temas sobre os quais seria interessante reflectir e partilhar conhecimento:
·         Uso sustentável do recurso água na agricultura de regadio;
·         Equipamentos de redes colectivas de rega;
·         Critérios de dimensionamento de redes de rega;
·         Sistemas de controlo e monitorização de redes colectivas de rega;
·         Gestão e desempenho de sistemas colectivos de rega;
·         Importância da estrutura fundiária, em zonas de potencial agrícola elevado;
·         Considerações sobre emparcelamento rural;
·         Elaboração e utilização de Sistemas de Informação Geográfica;
·         Estudos sobre sistemas de drenagem;
·         Regularização fluvial;
·         Engenharia natural em cursos de água;
·         Projecto de sistemas de rega em explorações agrícolas;
·         Sistemas de rega por aspersão versus rega localizada.
Este e outros temas poderão aqui ser desenvolvidos, de modo a contribuir para a partilha de conhecimentos e opiniões.
Convidam-se todos os interessados inscreverem-se neste espaço, a comentar e enviar informações relevantes nestas áreas.