sábado, 31 de dezembro de 2011

Determinação da capacidade de transporte e de armazenamento em Sistemas de adução


Em situações à partida complexas, em que se pretende resolver um problema de determinação da capacidade de transporte de água de sistemas primários de adução, pretendendo-se determinar a forma mais económica de transportar um determinado volume de água de uma origem comum para diferentes destinatários, da forma mais económica possível, dimensionando de forma racional a capacidade de transporte exigida e os reservatórios necessários para armazenamento temporário.

Estes problemas de otimização de sistemas primários de adução poderão ser solucionados facilmente, através da utilização de um modelo de cálculo que permita simular todas as entradas e saídas de água do sistema, incorporando uma função de custo das infra-estruturas em causa.

O modelo pode basear-se essencialmente num programa de programação linear, no qual são incorporadas restrições que permitem simular com realismo o funcionamento hidráulico do sistema. A função objetivo simulará o custo do sistema, o qual se pretende minimizar.

A componente hidráulica do estudo deverá impor as restrições ao sistema, no que se refere à capacidade máxima de transporte e de armazenamento, e será utilizada na definição das funções de custo (mediante a determinação das dimensões que permitirá a fixação de custos das diferentes infra-estruturas em função da sua capacidade).


Sistemas Primários de Regadios Coletivos


O dimensionamento de sistemas de transporte de água em regadios coletivos, são normalmente efectuados para o mês de maior consumo, tendo em consideração a capacidade de regularização dos reservatórios / albufeiras.

A existência de albufeiras ou reservatórios entre o sistema e alguns dos blocos de rega deverá permitir antecipar a transferência de água em meses com menor pedido, para utilização nos meses de maior consumo, reduzindo deste modo o caudal máximo a transferir.

Para que uma albufeira seja utilizada com o máximo de eficiência, a sua capacidade de armazenamento deverá ser totalmente utilizada durante os meses de maior consumo.

Poderá utilizar-se um um modelo de cálculo que permita simular a exploração das albufeiras, tendo em conta a minimização da capacidade de adução. Deverá ser um modelo que permita efetuar o de cálculo do balanço das albufeiras durante o período de rega. Este modelo matemático deverá permitir optimizar sistemas de abastecimento e rega, através da simulação, em termos de balanço global de massas, de sistemas ramificados complexos, incluindo um qualquer número de estruturas de transporte e de armazenamento, sujeitos a pedidos distribuídos de qualquer forma em termos espaciais e com qualquer lei de variação ao longo do tempo.

O figura seguinte apresenta as principais variáveis que deverão ser integradas no modelo de cálculo.



O modelo deverá considerar cada sistema formado por uma série de estruturas de armazenamento (albufeiras, reservatórios) interligados por estruturas de transporte (canais, condutas). Cada estrutura de transporte termina sempre num estrutura de armazenamento (que pode ter capacidade de armazenamento qualquer, mesmo nula). Por sua vez, de cada estrutura de armazenamento pode partir um qualquer número de estruturas de transporte. Deste modo, o número de estruturas de transporte é sempre igual ao número de estruturas de armazenamento.

O caudal de adução mínimo será o que, considerando a albufeira cheia no início do período de rega, utilize totalmente a capacidade de armazenamento disponível, apresentando a albufeira vazia no final do período de rega mais intensa.


Principais variáveis a considerar


O sistema primário de adução deve ser analisado globalmente para n intervalos de tempo. O número de intervalos de tempo pode ser qualquer; e os intervalos de tempo não terão necessariamente igual duração, podendo-se adotar facilmente intervalos de tempo de duração variável.
Durante cada intervalo de tempo devem ser introduzidos e retirados de cada reservatório os volumes de água correspondentes às entradas e saídas de água, designadamente:

·         Entradas de água

o   Afluências naturais ao reservatório (dado conhecido)

o   Água transferida do reservatório localizado a montante (incógnita)

·         Saídas de água

o   Volumes fornecidos para rega e abastecimento (dado conhecido

o   Volumes transferidos para o(s) reservatório(s) a jusante (incógnita)

o   Perdas por evaporação (dado conhecido)

 Os volumes de água correspondentes às afluências e à água fornecida para rega e abastecimento a partir de cada reservatório devem ser dados já determinados para entrada no modelo de cálculo. As transferências de água entre albufeiras serão as principais incógnitas do problema.

Em relação às perdas de água nas albufeiras, elas dependem da evaporação, da curva volume-área de cada reservatório e do volume armazenado em cada reservatório. A determinação das perdas de água representam, formalmente, um problema mais complexo, na medida em que, em princípio, dependem do estado de cada albufeira. As perdas por evaporação, por exemplo, serão função da altura de evaporação no período e da superfície média da albufeira, a qual será função do volume armazenado. Por outro lado, o volume descarregado dependerá da capacidade de armazenamento da albufeira e do volume armazenado, sendo nulo se o volume armazenado for inferior à capacidade e igual à diferença entre o volume armazenado e a capacidade da albufeira em caso contrário.

O modelo matemático deve considerar que todas as entradas e saídas de água são efectuadas ao nível dos reservatórios, ou seja, que os caudais transportados por cada troço de transporte são constantes. Isto não constituirá de facto uma restrição efetiva, uma vez que um troço de canal ou conduta em que ocorram derivações directas de água para rega pode sempre ser subdividido num número conveniente de subtroços, com reservatórios fictícios no seu interior, de onde serão efectuadas as saídas de água, normalmente para blocos de rega ou abastecimento industrial.

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