sexta-feira, 18 de março de 2011

CONSUMO DE “ÁGUA VIRTUAL”

O consumo médio de água em muitas nações é de aproximadamente 90 litros por a pessoa por dia. Mas nesta quantidade de água não está incluído a água que nós usamos o diariamente em nossas casas, nem a água que está incorporada em tudo aquilo que nós consumimos.
Diariamente consumimos volumes de água inimagináveis, sem que grande  parte desse volumes é utilizado na produção de alimentos. Estima-se que o consumo global de água na produção agrícola seja superior a 6400 biliões de metros cúbicos por ano, o que corresponde a mais de 200 milhões de litros por segundo, para produzir os alimentos que consumimos.
O que é “Água Virtual” ?
Corresponde à quantidade de água necessária para produzir um determinado produto ou serviço. É uma medida indireta dos recursos hídricos consumidos na obtenção de um produto. Por exemplo, para produzir uma chávena de café, em média são necessários 140 litros de água; para produzir um par de calças de ganga, são necessários cerca de 11 000 litros; e cerca de 400 000 para construir uma automóvel.
Qual a quantidade de “Água Virtual” nos alimentos ?
No quadro seguinte apresentam-se alguns valores médios de referência dos consumos de água na obtenção de vários alimentos. São valores indicativos, que podem ter alguma variação, dependendo da vários factores. No entanto, estes valores permitem relevar a ordem de grandeza do consumo de água inerente.
São vários os factores que podem influenciar a variação do conteúdo em “água virtual” nos produtos agrícolas, dos quais destacamos os seguintes: Climáticos ( condições de crescimento); produtividade, necessidades culturais, métodos e tecnologias e eficiência de utilização da água na rega.

Qual a quantidade de “Água Virtual” consumida diariamente por uma pessoa ?
Se considerarmos uma dieta à base de carne, uma pessoa pode consumir cerca de 4000 litros de “água virtual” por dia. Se optarmos por uma dieta vegetariana, o consumo de “água virtual” reduz-se para cerca de 1500 litros por dia. Um pequeno almoço constituído por um copo de leite, um pão com queijo, uma maçã e um café, pode atingir cerca de 800 litros de “água virtual”.
No nosso dia-a-dia, dificilmente temos consciência do elevado consumo de um recurso vital, ao qual se junta o consumo de água directo, água que se bebe, que se consome nas várias actividades diárias de higiene e na preparação/confecção das refeições , assim como na lavagem do automóvel.
Nos países denominados como desenvolvidos, cada pessoa consome por dia entre dois e cinco mil litros de "água virtual", o que supera largamente a quantidade usada para o consumo directo (100 a 200 litros /pessoa /dia).

quarta-feira, 2 de março de 2011

Eficiência na utilização da água nos sistemas de rega colectivos

Existem várias formas de se definir eficiência no uso da água na agricultura, dependendo de quem utiliza a água. Para o Agricultor, eficiência de utilização da água deverá ser avaliada pela quantidade de água que utiliza para obter uma unidade de um determinado produto agrícola. No entanto, para um gestor de um determinado sistema colectivo de rega, eficiência consiste em conseguir fornecer água ao agricultor em determinadas condições mínimas pré-definidas (caudal e pressão), sem perdas nos sistemas de transporte e distribuição de água. Neste segundo caso, deve ser considerada também a eficiência energética do sistema (energia necessária para transportar e distribuir a água até ao agricultor), a qual deverá ter em consideração a definição das tarifas da água.
Nos regadios devem ser consideradas diversas medidas, para que o uso da água nos regadios seja mais eficiente. As mediadas mais importantes são as seguintes:
 
  • Introdução de novas tecnologias de rega, que sejam mais eficiente, ao nível do controlo e monitorização da rega na parcela e dos sistemas de transporte e distribuição;
  • Existência de serviços de apoio aos agricultores regantes;
  • Formação dos regantes tendo como objectivo o uso sustentável da água, introduzindo novas tecnologias;
  • Reorientação das produções para culturas que melhor eficiência e eficácia produzam na relação custo/benefício de criação de mais-valia económica e ambiental;
  •  Adopção de tarifas de água binomiais, definidas em função do volume consumido e da superfície regada, estabelecendo classe que penalizem o consumo excessivo;
  • Melhoria das redes de transporte e distribuição de água;
  • Melhoria dos sistemas de regularização de água para regadio (albufeiras, reservatórios, canais);
  • Melhoria dos sistemas de gestão administrativa nas entidades responsáveis pela gestão de regadios colectivos;
  • Modernização dos sistemas de exploração de albufeiras, introduzindo a avaliação em tempo real das necessidades de água pelas culturas.




Estas medidas são muito ambiciosas, mas são necessárias para melhorar a eficiência do uso da água nos sistemas agrícolas de regadio.

No contexto do uso eficiente da água em sistemas de regadio, um dos problemas mais graves, é a gestão da água ao nível da exploração agrícola. A deficiente gestão do recurso água na exploração agrícola, deve-se essencialmente a :
  • instalações de sistemas de rega desajustadas em relação às necessidades reais;
  • falta de planeamento na calendarização das regas a efectuar;
  • falta de manutenção dos sistemas de rega;
  • falta de formação adequada/ específica por parte dos regantes;
  • aconselhamento desadequado por parte dos vendedores / representantes dos equipamentos de rega;
  • ausência de recurso a equipamentos de monitorização da água no solo.
Uma das medidas a considerar na melhoria do uso eficiente da água em sistemas de regadio, é o melhoramento das condições de exploração dos sistemas de rega instalados, de modo a reduzir os consumos de água e energia, assim como, reduzir os riscos de erosão hídrica provocada pelas regas desadequadas.


Para tal, é necessário:
  • identificar as deficiências de concepção e de operação do sistema de rega, identificando também as respectivas soluções para a sua correcção e melhoria;
  • avaliar a eficiência do sistema, quanto à aplicação e uniformidade da distribuição da água;
  • reunir informação, com o objectivo de prevenção na concepção de novos sistemas em condições físicas semelhantes;
  • promover acções de formação junto dos utilizadores de sistemas de rega, de modo a fomentar um maior conhecimento da concepção e gestão de sistemas de rega.
A avaliação dos sistemas de rega instalados, tem por objectivo, o conhecimento das condições actuais de gestão da água de rega, através da determinação da eficiência actual de aplicação da água, e assim, poder identificar soluções que possam conduzir a um aumento dessa eficiência.